de papel na mão,
chegou ao balcão
da repartição
a funcionária,
autoritária,
disse-lhe para esperar
e pôs-se a conversar
com a colega do lado
ele esperou um bocado
mas sem resultado
então, com uma careta,
meteu a mão na jaqueta
e retirou, afoito,
a arma preta,
calibre 38
a funcionária seguinte,
amável,
atendeu-o com requinte,
e quando ele pediu rapidez
ela assim fez,
enquanto a mulher da limpeza
esfregava com destreza
o chão molhado
de sangue empastado
de papel na mão,
afastou-se do balcão
da repartição
3 comentários:
Hummm... poesia necrológica!!! Muito apropriada! Espero que não seja um caso da tua vida!
Olá queridos colegas...
Saudações bloguistas e votos de muita força na tecla!
Sobre o poema... Muito apropriado para estes tempos - negros - em que parecemos estar todos à espera do fim, ou simplesmente, carregamos a morte na algibeira (umas vezes por dentro, outras por fora da roupa que somos...)
Beijos!
Obrigado, el eme.
Um sol em cada dia para ti (para vós).
Volta. Sempre.
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